Por Talita Queiroga
Furtos na Escola
Na rotina do seu filho, seja ele ainda pequeno ou já adolescente, a mochila é um dos itens mais presentes e, portanto, exige atenção. Sempre carregada de material escolar, ela deve seguir normas de tamanho, peso e modo de uso para não oferecer nenhum risco à saúde da criança.
Além de seguir essas normas, é importante que ela não possua muitos compartimentos. Esta característica faz com que a criança leve “escondido” objetos desnecessários para a escola, como brinquedos, o que nem sempre é permitido por pais e professores. Por isso, você deve verificar a arrumação da mochila diariamente com seu filho, para se certificar de que ele esteja levando o material solicitado e evitar que ele leve objetos desnecessários ou proibidos para escola.
A verificação da mochila permite que vejamos tudo que está indo e voltando para a escola. Quais materiais foram enviados como tarefa de casa, quais estão indo para a escola para serem corrigidos, se seu filho está levando algum brinquedo ou material não autorizado pela escola (como celulares e tablets) que possa distraí-lo durante a aula, se o lanche está sendo consumido e até se há algum objeto que você não adquiriu para seu filho, mas que foi colocado na mochila dele por engano ou de propósito.
Essa última situação é comum a toda e qualquer escola: ou os materiais dos alunos são trocados e colocados em outra mochila por uma confusão deles mesmos ou do professor, ou os próprios alunos podem se apossar do material de alguém e colocar na própria mochila ou na de outra pessoa.
Os casos em que houve engano são simples de resolver: é necessário apenas notificar o professor ou o dono do material e fazer a troca/devolução. Porém, há casos mais complicados em que a criança furta um objeto e coloca na mochila de outro para pregar uma peça, fazer uma brincadeira de mau gosto ou por querer possuir algo que o colega tem, mas que, por algum motivo, ela não possui.
Antes dos seis anos de idade, esses furtos na escola são feitos de forma inconsciente. Egocêntrica por natureza, a criança acredita que seja normal fazer o que tiver vontade: se gosta de algum objeto, basta pegá-lo. Por volta dos sete anos, embora entenda melhor que roubar é errado, ainda é difícil controlar os impulsos. Em alguns casos, ela furta coisas que desejaria ter, como uma borracha diferente ou algo de alguém que admire muito, o que pode sinalizar uma carência afetiva. Apesar de compreensível, o ato não pode ser ignorado. É uma oportunidade importante para falar sobre o que é certo e errado e, na maioria dos casos, uma boa conversa resolve o problema.
Uma criança geralmente furta levada pelo prazer imediato de ter aquilo que deseja, sem avaliar as consequências a longo prazo, nem para si mesma, nem para a criança de quem subtraiu o objeto. Para ela, parece ser a única forma (ou a mais fácil) de usufruir de algo que quer.
Acontecimentos dessa natureza requerem uma atuação dos pais no sentido de explicar para a criança que se apossar daquilo que os outros têm não é a melhor forma de conseguir o que se deseja. A criança deve ser ensinada que nem sempre temos aquilo que queremos de imediato e que, às vezes, é preciso esperar. Mas isso não significa que não seremos capazes de realizar o desejo depois. Uma boa atitude dos pais seria ajudar a criança a encontrar uma forma de ganhar o objeto: economizando a mesada, fazendo uma tarefa extra em casa ou outra solução que valorize o esforço da criança para obter o que quer.
Também é importante que a criança devolva para o colega aquilo que pegou e peça desculpas. Caso ela tenha vergonha, essa devolução não precisa ser pessoalmente: você mesmo pode fazê-la, destacando que ela está arrependida e que se esforçará para que isso não aconteça novamente.
Existem ainda as situações em que o aluno furta um objeto movido pelo prazer de burlar uma regra. Para algumas crianças e adolescentes, o furto pode representar uma demonstração de poder sobre a autoridade (professores, pais, coordenadores, etc.), não importando o valor ou a utilidade do objeto furtado. Em geral, pode-se descobrir se foi essa a motivação quando se conversa com o aluno sobre o ocorrido, pois ele pode deixar transparecê-la em suas explicações. Nesses casos, a melhor atitude a ser tomada é encaminhar o aluno para um acompanhamento psicológico, que não só o ajudará, mas também a seus pais a lidarem melhor com a situação. Há circunstâncias também em que o furto pode ser sinal de uma patologia mais grave em que a pessoa se sente compelida a se apropriar de coisas que não lhe pertencem, ainda que tenha condições de adquiri-las. Esses episódios, porém, são raros e não representam a maioria das ocorrências desse gênero nas escolas.
É sempre bom lembrar que, em todas essas circunstâncias debatidas, o objetivo tanto dos pais quanto da escola deve ser educativo, visando ao bem-estar do aluno e não à pura e simples punição do ato. Outro fato importante de ser lembrado é que nem sempre a criança aprende a lição na primeira vez. Por isso, devemos estar preparados para algumas reincidências.
Referências:
LOSSO, Renata. Saiba como deve ser a mochila do seu filho.
Disponível em: http://delas.ig.com.br/filhos/saiba-como-deve-ser-a-mochila-do-seu-filho/n1237538315182.html
REVISTA CRESCER. Saiba como agir quando descobre seu filho praticando pequenos furtos.
Disponível em: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,ERT17120-15143,00.html
SCHMIDT, Andréia. Furto em sala de aula: o que fazer?
Disponível em: http://www.educacional.com.br/articulistas/joseph_bd.asp?codtexto=117
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